quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Modernismo e Obras

Alcântara e o Modernismo

 Ele investia a favor da rutura, contra a Literatura dos valores estilísticos clássicos, com vistas a desconstruir as convenções, desmoralizar, evoluir e acabar com a cultura preestabelecida, com o estilo rebuscado que até então vogava dentre os literatos do Brasil.
Na sua prosa, caminhou pela senda da experimentação, aberta por Mário e Oswald de Andrade, ao fazer uso duma linguagem leve, bem-humorada e espontânea, altamente influenciada pelo seu passado de jornalista. Talvez tenha sido um dos primeiros brasileiros a usar o elemento gráfico como expressão literária aplicada à prosa de temas urbanos do cotidiano.

Em 1931, com Mário de Andrade e dirigiram mais uma publicação, a Revista Nova. Nesse período de ebulição e transformações sociais e políticas, na época do chamado movimento constitucionalista, que, sucedendo à Revolução Paulista no ano de  (1932), culminaria na elaboração da primeira constituição da República Nova em 1934,  quando Alcântara ingressou na vida pública.entretanto, as suas crônicas inéditas, desde as que não conseguiram integrar Pathé-Baby até às escritas no ano do seu óbito, encontram-se publicadas no póstumo Cavaquinho e Saxofone, abrangendo quase dez anos do jornalismo literário do escritor. Outrossim, de contos, publicou-se uma outra obra póstuma, chamada Contos Avulsos.

Suas Obras
     Pathé-Baby (1926), crônica de viagem
         Brás, Bexiga e Barra Funda (1927), contos
         Laranja da China (1928), contos
         Mana Maria (inacabado), romance
         Cavaquinho e saxofone (1940, póstuma), crônicas e ensaios




 Trecho do livro 

O PATRIOTA WASHINGTON
(Doutor Washington Coelho Penteado)

O sol ilumina o Brasil na manhã escandalosa e o Doutor Washington Coelho Penteado no rosto varonil. Há trinta e oito anos Deodoro da Fonseca fundou a República sem querer. O doutor pensa bem no acontecimento e grita no ouvido do chofer:
- Toca pra Mogi das Cruzes!
Minutos antes arrancara da folhinha do EMPÓRIO UCRANIANO a folha do dia 14. Cercado pelos filhos escrevera a lápis azul na do dia 15: Viva o Brasil! E obrigara o Juquinha a tirar o gorro marinheiro porque ainda não sabia fazer continência.
Muitíssimo bem. Agora segue de Chevrolet aberto para Mogi das Cruzes. Algum dia no mundo ia se viu uma manhã tão linda assim?
Êta Brasil.
Êta.
Na lapela uma bandeirinha nacional. Conservada ali desde a entrada do Brasil na grande conflagração. Ou bem que somos ou bem que não somos. O doutor é de fato: brasileiro graças a Deus. Onde desejava nascer? No Brasil está claro.
Ao lado dele a mulher é assim assim. Os filhos sabem de cor o hino nacional. Só que ainda não pegaram bem a música. Em todo o caso cantam às vezes durante a sobremesa para o doutor ouvir. A bandeira se balançando na sacada do Teatro Nacional lembra ao doutor os admiráveis versos do poeta dosEscravos.
- Sim senhor! É bem a brisa de que fala Castro Alves.
- Que brisa, Nenê?
- Nada. Você não entende.
Ele entende. E goza a brisa que beija e balança.
- O Capitão Melo me afirmou que não há parque europeu que se compare com este do Anhangabaú.
- Exagero...
- Já vem você com a sua eterna mania de avacalhar o que é nosso! Pois fique sabendo...
Fique sabendo, Dona Balbina. Fique a senhora sabendo que o que é nosso é nosso. E vale muito. E vale mais que tudo. Vá escutando. Vá escutando em silêncio. E convença-se de uma vez para não dizer mais bobagens.


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